Texto por Colaborador: Redação 30/04/2025 - 02:00

Em meio a uma das fases mais difíceis de sua vida, Alisson Becker recebeu uma inesperada demonstração de empatia: uma carta de condolências enviada por Pep Guardiola. A revelação foi feita pelo próprio goleiro do Liverpool em entrevista ao The Players’ Tribune, ao relembrar a perda do pai, José Becker, em fevereiro de 2021.

Naquele momento, o arqueiro vivia o auge da temporada 2020/21 quando seu pai morreu afogado em um lago próximo à casa da família, no Brasil. Devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19, Alisson não pôde viajar para o funeral e teve que se despedir do pai à distância, acompanhando tudo por uma chamada de vídeo.

A ausência na vitória por 2 a 0 sobre o Sheffield United foi inevitável, mas ele retornou ao time nos 12 jogos finais da Premier League e protagonizou um dos momentos mais marcantes daquela campanha ao marcar, de cabeça, o gol decisivo na vitória contra o West Bromwich, garantindo os Reds na briga pela Champions.

Mais de três anos depois, Alisson contou como o apoio recebido de colegas e até mesmo de rivais foi essencial para seguir em frente. “Quando ele morreu, fiquei em pedaços. Nem conseguia pensar em futebol. Estávamos lutando pelo Top 4, mas eu precisava me lembrar disso o tempo todo”, disse.

A situação se agravava com o contexto da pandemia. A esposa do goleiro, grávida do terceiro filho do casal, não pôde acompanhá-lo devido às recomendações médicas. “Ela teve que ficar em Liverpool com nossos filhos. Isso partiu o coração dela. Ela amava demais meu pai. A gente sempre brincava que ele gostava mais dela do que de mim”, revelou.

Nos dias seguintes à tragédia, Alisson foi surpreendido com gestos de carinho vindos de todos os lados. “Recebemos flores de Virgil, Andy, Fabinho, Firmino, Thiago… todos os meus companheiros. E não só deles. Pep Guardiola e Carlo Ancelotti também me mandaram cartas de condolências. Aquilo me tocou profundamente”, contou.

“É impossível explicar como esses pequenos gestos ajudam quando você está sofrendo. Foi um lembrete de que até os maiores rivais reconhecem o ser humano por trás da camisa”, afirmou o brasileiro.

O goleiro também se emocionou ao recordar o apoio do técnico Jürgen Klopp: “Ele me ligou e eu estava me sentindo culpado por perder treinos. Estávamos fora do G4 e precisávamos de cada ponto. Mas ele só disse para eu levar o tempo que precisasse.”

Voltar aos gramados, segundo Alisson, foi terapêutico. “Durante os treinos, flashes do meu pai vinham à cabeça: ele na beira do campo me assistindo, pescando comigo, fazendo churrasco, ou se jogando no bolo de aniversário por causa do Taffarel em 98… Eu começava a chorar no meio do treino”, contou.

“Imagina tentar montar a barreira pra uma falta do Trent com os olhos cheios d’água! Já é difícil sem chorar, cara!”, brincou. “Meus companheiros foram incríveis. Nunca me julgaram. Agiram como se fossem da minha família. E voltar a treinar me trouxe paz. Sempre digo: eu não escolhi o futebol. Ele já estava em mim desde sempre.”

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