Texto por Colaborador: Redação 05/05/2025 - 04:52

Poucos clubes no mundo são tão eficientes — e discretos — quanto o Liverpool na hora de agir no mercado de transferências. Quando o interesse em um jogador se torna público, é porque a negociação já está praticamente finalizada. Essa postura reservada, longe de indicar pressa, revela um planejamento meticuloso e baseado em dados, observação e confiança nos bastidores.

Ao contrário da agitação que costuma marcar outras equipes nas janelas de transferências, o Liverpool prefere agir nos bastidores, onde o verdadeiro trabalho acontece. E esse processo foi exposto com clareza por Arne Slot, atual treinador da equipe, em entrevista recente à Sky Sports.

— Se existe um clube que faz a lição de casa por meio de olheiros, com todos os dados e tudo mais, é o Liverpool — afirmou Slot. — Percebo isso ainda mais agora, quando mostramos interesse por determinados jogadores. Tudo é analisado com muito cuidado.

O técnico também contou como o clube o observou detalhadamente antes mesmo de qualquer proposta. Segundo ele, Julian Ward, então diretor técnico, fez contato meses antes da contratação se concretizar, sob o pretexto de uma visita informal.

— Julian era alguém que eu já conhecia de quatro ou cinco anos atrás. Eu tinha visitado o Liverpool uma vez, quando ele me convidou. Um mês antes de Richard Hughes me ligar, ele me procurou dizendo: “Estou viajando pela Europa, interessado em entender como funcionam certos clubes. Posso ir até a sua casa?”. Eu respondi: “Claro que pode”.

— Ele ficou um ou dois dias lá. E, olhando para trás agora, vejo que ele não estava ali apenas para aprender algo. Ele queria entender como eu trabalhava, como era a colaboração com minha comissão técnica, como tomávamos decisões. Foi mais um exemplo de como o Liverpool se dedica a encontrar o treinador — ou jogador — certo para o clube — completou.

A fala do técnico ilustra bem o modo como o clube conduz seu processo de tomada de decisão: silencioso, profundo e focado em precisão. Torcedores muitas vezes se surpreendem com anúncios inesperados, mas é justamente porque as negociações são mantidas em sigilo até a fase final.

Quando Jürgen Klopp anunciou sua saída, diversos nomes chegaram a ser cogitados, como Ruben Amorim, ex-Sporting. Mas, assim como aconteceu com Slot, o Liverpool só avança quando todas as informações foram analisadas e a escolha é considerada a ideal.

Essa abordagem também se aplica à montagem do elenco. Embora Richard Hughes tenha sido criticado pelas duas últimas janelas pouco movimentadas — apenas £12,5 milhões investidos, sem contar os £30 milhões já acertados por Giorgi Mamardashvili, que chega no verão —, é provável que o foco tenha sido a análise criteriosa de alvos para o próximo ciclo.

Além das movimentações futuras, a diretoria também agiu com eficiência para manter peças-chave. Mohamed Salah e Virgil van Dijk tiveram seus contratos renovados até 2027 — um processo que certamente exigiu negociações delicadas.

Independentemente do que acontecer na próxima janela de transferências, uma coisa é certa: o Liverpool não age por impulso. Cada decisão é fundamentada em dados, observação e convicção. E, mesmo que o torcedor não veja, muito acontece longe das câmeras — com um único objetivo: manter o clube no topo, dentro e fora de campo.

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